A esteatose hepática, também conhecida como fígado gorduroso, é uma condição que, como o próprio nome diz, ocorre por acúmulo de gordura no fígado. Geralmente causada pelo consumo excessivo de álcool, hoje em dia às custas da “epidemia” de Obesidade, a doença hepática gordurosa não alcoólica tornou-se a doença hepática mais comum nos EUA, afetando 20-30 por cento da população adulta. Por tratar-se de uma condição assintomática na grande maioria dos casos, provavelmente os números devem ainda estar subestimados.
Atualmente, nos consultórios médicos no Brasil, também é muito comum diagnosticarmos essa alteração em US abdominais de rotina ou até mesmo a presença de alterações nas enzimas hepáticas (TGO, TGP) nos exs de check up.
A ilustração abaixo mostra as diferenças entre um fígado com pouco acúmulo de gordura e um figado esteatótico. Reparem no tamanho e na coloração amarelada do fígado gorduroso.
Um estudo recente em publicação on-line no Journal of Hepatology, trouxe dados que são importantes na compreensão da ligação entre a doença hepática gordurosa e doença cardiovascular, que continua a ser uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo.
Pela primeira vez, os pesquisadores mostraram que existe uma relação bi-direcional entre a doença hepática gordurosa e as doenças cardiovasculares. A doença hepática gordurosa pode levar ao risco aumentado de doença cardiovascular e vice-versa.
Usando dados de participantes no Framingham Heart Study, os pesquisadores viram que indivíduos com doença hepática gordurosa desenvolveram doenças cardiovasculares, como pressão alta e diabetes tipo 2 dentro de seis anos. Em uma análise paralela, os indivíduos com hipertensão arterial, diabetes tipo 2, ou triglicérides elevados tinham uma maior probabilidade de desenvolver doença hepática gordurosa.
“Em nosso estudo, observamos uma associação bidirecional entre fígado gorduroso e doença cardiovascular”, explicou Michelle Long, MD, professora assistente de medicina na Escola de Medicina da Universidade de Boston (BUSM), que também é gastroenterologista na Boston Medical Center (BMC). “Observamos que o fígado gorduroso foi um fator importante no desenvolvimento de pressão alta e diabetes e o oposto também é verdade – várias doenças cardiovasculares foram associadas com o desenvolvimento de doença hepática gordurosa durante seis anos”, acrescentou.
Long acredita que este estudo destaca a necessidade de desenvolver estratégias preventivas e de tratamento para a doença hepática gordurosa, a fim de melhorar a saúde cardiovascular de todas as pessoas.
*Referência: iantao Ma, Shih-Jen Hwang, Alison Pedley, Joseph M. Massaro, Udo Hoffmann, Raymond T. Chung, Emelia J. Benjamin, Daniel Levy, Caroline S. Fox, Michelle T. Long. Bi-directional analysis between fatty liver and cardiovascular disease risk factors. Journal of Hepatology, 2016; DOI: 10.1016/j.jhep.2016.09.022
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